Nos acostumamos facilmente com a falta, e isso é refletido até em nosso corpo. A falta de comida por um tempo, faz com que nos acostumemos à dor. A falta de afeto nos faz acostumados à solidão. A falta de um deus nos acostuma à divinizar nosso eu – não no sentido de idolatria, mas no sentido da satisfação do ego não ser mais incômodo.
Pelo costume na falta, desacostumamo-nos ao ter. Tendo, nos tornamos precavidos, caso, por algum motivo, a falta volte a marcar presença. Lutamos pouco em fazer durar, e isso revela a falta do nosso desejo (ou da nossa confiança?) na eternidade. Fazemos da falta uma amiga e da fartura, colega distante. Nosso medo é maior que a nossa satisfação em possuir.
Com a firme convicção de que o céu pode ser manifesto e estabelecido na terra, nossos sentimentos também devem ser regidos pelo céu. Não devemos nos acostumar com nada menos que a totalidade dEle sobre nós. Não se acostume com a falta, não faça dela uma amiga. Lute pela presença, pelo afeto, pelo eterno, ainda que sozinho. Lute ao lado do céu e você encontrará a plenitude que alcança todas as áreas da sua vida sem reservas.
(Isadora Bersot)