Eu costumava ficar indignada comigo mesma quando eu não conseguia orar ou ler a Bíblia o tanto que eu achava que deveria. Já diziam que a religiosidade é mesmo uma gaiola. Ficamos aprisionados a lei e abrimos mão da Graça que nos governa. Livre do que a religião impõe, converso com Ele a qualquer hora. Torno-me sensível a Sua voz ainda que, como acontece com aviões, em meio a grande turbulência.
O amor encobre os erros. Não que ele concorde ou aprove: na verdade ele apaga. E esse é o tipo de esquecimento que prefiro manter vivo na minha memória: ainda que um incômodo para minha consciência, meu Espírito é assegurado de que já passou. Se Ele apagou, que grande burrice a minha seria escrever novamente. (As vezes reescrevo, confesso – um mal de quem tem a escrita como um prazer, talvez. E esse é o segredo: a confissão).
Amo pensar que ainda que minhas palavras faltem e minha meta diária de oração/ jejum/ leitura não sejam alcançadas pelos mais apegados aos números ou ao relógio, terei o resto da eternidade pra lançar sobre Ele minhas melhores palavras e até o meu silêncio, só admirando Sua majestade. A verdade é que desde pequena sempre fui apaixonada pelo céu. Acho que, afinal, descobri o porquê: é só saudades de casa.
(Isadora Bersot)