Tenho buscado me aproximar da imagem de Cristo como tantos outros irmãos espalhados ao redor da terra – e todos certamente muito mais que eu – mas me deparei com essa ‘antítese’ que tem tocado os meus dias… O Jesus Cordeiro e o Jesus Leão. Não cordeiro ou leão, mas e: dois em um e ao mesmo tempo. Eu nunca entendi muito bem essa diferença. Na verdade, a diferença é fácil de perceber, difícil é compreender a semelhança.
Nossa alma almeja pelo “ser leão”. Desejamos que o inferno nos tema, que nossas bocas profetizem como um rugido poderoso. Queremos entrar na guerra, matar nossos inimigos e sair orgulhosos dando glórias a Deus por mais uma vitória. Queremos bramir. Queremos ser ouvidos.
O nosso cordeiro vive acuado, pois sabe que na frente de leões não tem defesa. Ele opta pelo silêncio ao invés de entrar em disputa contra alguém mais forte que ele. O cordeiro sempre será vencido tendo o leão como seu adversário.
O grande x da questão é que você nunca vai ver o leão e o cordeiro caminhando juntos. Um sempre vai se sobrepor ao outro. Dentro de nós, carregamos igualmente esses dois animais: o leão só aparece quando o cordeiro vai embora, e vice versa. Enquanto insistimos em manifestar o leão; o cordeiro permanecerá adormecido, acuado e em paz. Ele sabe que não adianta se manifestar. Quando o leão é vencido pelas suas forças esgotadas e seus bramidos incessantes, o cordeiro pode ser despertado do seu sono.
Jesus morreu como cordeiro, mas ressurgiu como Leão. Ele sabia que se desejasse manifestar o Leão em seu tempo na terra (antes da cruz) acabaria pondo tudo por água abaixo. Nenhum leão vai em paz até o matadouro. Nenhum leão é, por natureza, calmo. Se esse lado fosse manifesto, Jesus nunca teria subido aquela cruz (e nós nunca teríamos experimentado a benção da redenção).
Jesus sempre teve essas duas naturezas dentro dele, mas sabia a quem pertenciam: o Cordeiro à sua carne, o Leão ao seu espírito. Jesus sabia da importância do tempo e dos processos e decidiu respeitá-la. Quando o Cordeiro Jesus morreu, o Jesus Leão pode aparecer sim em poder e glória!
Nós queremos a glória, mas deixamos de lado o silêncio. Queremos a pompa, mas nos negamos à humilhação. Clamamos por direitos, mas nos recusamos ao servir. Aprendamos, enfim, com Jesus: precisamos nos humilhar à estatura de cordeiros, para que, em nós, Ele possa ser manifesto como leão.
(Isadora Bersot)