”A língua pode criar um universo de coisas inexistentes.”
Como alguns já sabem, (re)comecei a faculdade e estou cursando Letras. 💟 Tenho uma matéria chamada Linguística, onde me deparei com a citação acima pela primeira vez. Dentro dela estudamos um pouco sobre Saussure e suas concepções no estudo da língua – prioritariamente da língua falada.
Gênesis: 1. 1. No princípio criou Deus os céus e a terra. 2. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. 3. E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
Você consegue notar alguma relação? Há, de fato, poder gerador na língua! Foi através da palavra que o “não-universo” se tornou um.
A narração bíblica sobre a criação do mundo se inicia com uma terra sem forma e vazia. Não havia luz, mas a palavra trouxe à existência o que sequer havia sido criado – a não ser dentro da mente de Deus. Não existiam palavras, mas já existia o Verbo.
João: 1. 1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Que coisa linda! No princípio “Deus criou o céu e a terra”, mas também “era o Verbo”. Ele (Deus) era antes de criar porque não podia ser criado!
João: 1. 3. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Se o verbo é uma “palavra que indica ação“, garantimos que o universo que conhecemos hoje começou a partir do Verbo que acionou sua criação.
É… a língua cria mesmo um universo de coisas inexistentes.
(Isadora Bersot)