O discurso triunfalista no meio cristão pode ser um grande problema. Eu poderia abordar muitos exemplos a respeito disso, mas vou me restringir ao momento pandêmico que (ainda) enfrentamos (em tempo: se cuide, não aglomere, se vacine!).
Desde março de 2020, ouvi/li muitas coisas desse tipo: “Não se apavore, Deus está no comando”; “O Senhor nos protege desse vírus”; “Quem tem promessa não morre”… Você também ouviu ou leu coisas assim? Bem, é claro que Ele está no controle. Sua soberania, bondade e misericórdia não estão colocadas em xeque. Contudo, somos humanos: ficamos apavorados; podemos temer a morte ou sofrer pelo falecimento de entes queridos; não somos imunes a dores, vírus, doenças ou morte — com promessa ou sem (Hebreus 11 que o diga!).
Não preciso listar aqui o tanto de irmãos queridos que perdemos nessa pandemia, né? Se você enfrenta o luto hoje, saiba que o Espírito consolador te assiste. Cremos, em Cristo, que a Sua dor logo passará! Você não está sozinho!
Ademais, alguns crentes interpretam erroneamente o fato de serem filhos de Deus. Creem que, por isso, são “mini deuses”, ao invés de servos. Assim, não sabem lidar com a dor dos que sofrem (lhes falta compaixão) nem com a própria humanidade, crendo se tratar de um problema espiritual aquilo que é meramente humano (lembre-se de que tudo foi afetado pela queda, inclusive nossas emoções).
É natural: vamos nos desesperar. Vamos temer. Vamos padecer. Estes não são imperativos do que devemos fazer, mas do que nos acontece enquanto habitamos este corpo vil. Durante o tempo em que estivermos aqui, ainda que ancorados no Cristo e crendo, pela fé, que haverá o dia em que todo choro será encerrado por aquEle que faz o que deseja, estamos não à deriva, mas sujeitos aos males que um mundo caído pode conceder.
Corremos o risco de perder quem amamos. De sofrer gravemente. De enfrentar as maiores tribulações desta terra. Na verdade, nosso único triunfo nem é nosso, no sentido de ter sido conquistado por nós. Trata-se da salvação das nossas almas, alcançada mediante o sacrifício vicário de Cristo. Mantenhamos, então, nossa confiança nEle. Ainda que ela seja posta à prova diante de grandes provações, somos amados. Não se esqueça disso. Jesus triunfou sobre a morte; este é o único triunfo de que precisamos e já foi conquistado para nós. Aleluia!
(Isadora Bersot)
Texto extremamente necessário, Isa!
Quantas pessoas, já feridas pela ausência de alguém querido, tem sofrido também por discursos como esses, que tratam seus entes como menores na preferência de Deus.
Pois é, Isa! Além de ignorância, ainda são mentiras que servem apenas para ferir ainda mais, né? :(